segunda-feira, 16 de julho de 2012

FLIP : NOVOS ESCRITORES, DIVERTIDOS E COMUNS

O Festival Literário de Parati (FLIP, como é mais conhecido) traz geralmente uma safra de escritores novos e desconhecidos aqui no Brasil. Alguns deles vêm para São Paulo lançar seus livros e fazem palestras gostosas e divertidas. Vi as palestras de JOSÉ LUÍS PEIXOTO e DULCE MARIA CARDOSO, novos escritores portugueses na Livraria da Vila, da Vila Madalena. Pra quem acredita que Portugal só tenha Camões, Pessoa e José Saramago, recomendo esses autores. Os livros deles estão nas livrarias. Vamos comprar e ler? O primeiro de que vou tratar é do Peixoto:

José Luís Peixoto
José Luís Peixoto nasceu a 4 de Setembro de 1974 em Galveias, Ponte de Sor. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias traduzidas num vasto número de idiomas e estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras. Em 2001, recebeu o Prémio Literário José Saramago com o romance Nenhum Olhar, que foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados em Inglaterra no ano de 2007, tendo também sido incluído no programa Discover Great New Writers das livrarias norte-americanas Barnes & Noble. O seu romance Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, atribuído ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha em 2007. Em 2008, recebeu o Prémio de Poesia Daniel Faria com o livro Gaveta de Papéis. Os seus romances estão publicados na Finlândia, Holanda, no Brasil, nos Estados Unidos, entre outros países, estando traduzidos num total de vinte idiomas.


TRECHO DE TEXTO DE JOSÉ LUÍS PEIXOTO
(FALANDO SOBRE SUA RELAÇÃO COM OS LEITORES)

Obrigado
Às vezes, fico só a olhar para vocês. Aperto os lábios porque todas as palavras me parecem insuficientes. Aquilo que normalmente se diz nessas ocasiões, aquilo que é aceite pelo protocolo da convivência social, não chega para começar a exprimir todo o invisível que me inunda. Então, quase sempre sentado a uma mesa, fico só a olhar para vocês. Nesses momentos, não ter palavras é muito melhor do que ter rios de palavras. Aquilo que não sei dizer existe com muita força e, se tentasse encontrar-lhe nomes, estaria a diminui-lo, a transformá-lo em qualquer coisa possível.

É essa a natureza da matéria que partilhamos, é essa a forma daquilo que nos juntou. Sem esse mistério, continuaríamos a seguir os nossos caminhos. Talvez a metros, talvez a quilómetros, talvez em hemisférios distintos, talvez em ruas paralelas, as nossas existências seriam indiferentes uma à outra. Não quero sequer imaginar a possibilidade desse mundo cinzento. Ainda bem que existem os livros, ainda bem que existe esta revista, ainda bem que existe a internet, o facebook, as feiras do livro e todos os lugares físicos e não-físicos onde nos encontramos. Ainda bem que existe o pensamento e a memória. Ainda bem que existe a ternura.


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