Escândalo
Jornalista italiano inventou entrevistas a 25 escritores
por MARIA JOÃO CAETANO, 26 Abril 2010
Tommaso
Debenedetti publicou em jornais italianos falsas entrevistas a Philip
Roth, John Grisham, Saramago e outros escritores mundialmente
conhecidos. Foi descoberto
Até
há pouco tempo, Tommaso Debenedetti era um jovem jornalista italiano,
freelancer, com uma carreira em ascensão. No seu currículo tinha
entrevistas a escritores como Gore Vidal, Herta Müller, John Le Carré,
Philip Roth ou John Grisham, publicadas na imprensa italiana. A fama
mundial chegou este mês mas não pelas melhores razões: Debenedetti é uma
fraude e as suas entrevistas foram todas inventadas.
As primeiras suspeitas surgiram quando, a 26 de Fevereiro, a jornalista Paola Zanittini do La Repubblica entrevistou Philip Roth e questionou-o sobre declarações suas a outro diário italiano, Libre, em que criticava duramente Obama, chamando-o "antipático, ineficaz e deslumbrado pelos mecanismos do poder". O autor de A Mancha Humana reagiu: "Nunca disse tal coisa. É grotesco. Escandaloso. Penso exactamente o contrário." Quando Paola Zanutttini publicou o seu artigo, na Itália, as reacções mais violentas vieram da blogosfera. Maurizio Belpietro, director do Libre, pediu desculpa pelo sucedido e mandou retirar a entrevista do site.
Poderia ter sido só isto. Mas Philip Roth tratou de procurar no Google e descobriu, não só, que já em 2006, John Le Carré tinha desmentido ao The Guardian uma entrevista que teria dado a este jornalista, como encontrou outras entrevistas feitas por Tommaso Debenedetti que lhe pareceram igualmente "pouco plausíveis" - como aquela em que John Grisham também criticava o Presidente americano. Não demorou muito até os agentes dos dois escritores chegarem à conclusão que estavam perante um criminoso que, aproveitando-se do facto de escrever em italiano, uma língua que os seus "entrevistados" não dominam, se dava ao luxo de inventar conversas com escritores mundialmente famosos. E o caso só não avançou para o tribunal porque os dois autores, apesar de muito zangados, acharam que teriam de despender muito tempo, dinheiro e viagens a Itália para resolverem o assunto.
Mas a história continua. A 5 de Abril, a revista New Yorker denunciou o caso e a jornalista Judith Thurman continua a telefonar para escritores para averiguar se foram ou não entrevistados por Debenedetti. A lista já tem já 25 nomes, incluindo Günter Grass, Le Clézio, V. S. Naipul, Amos Oz, Elie Wiesel ou Toni Morrison.
A princípio, Debenedetti explicou que tinha feito a entrevista a Roth por telefone e que não conseguia encontrar a gravação. Mas, perante os factos, calou-se. Nascido em 1969, em Roma, Tommaso Debenedetti é filho de Antonio Debenedetti, escritor e crítico bastante respeitado que publica no Il Corriere della Sera, e neto de Giacomo Benedetti, um dos mais importantes críticos literários do século passado. Além do Libre, tem publicado artigos e entrevistas a escritores e intelectuais em jornais locais.
(Fonte: DN Tv & Media)
As primeiras suspeitas surgiram quando, a 26 de Fevereiro, a jornalista Paola Zanittini do La Repubblica entrevistou Philip Roth e questionou-o sobre declarações suas a outro diário italiano, Libre, em que criticava duramente Obama, chamando-o "antipático, ineficaz e deslumbrado pelos mecanismos do poder". O autor de A Mancha Humana reagiu: "Nunca disse tal coisa. É grotesco. Escandaloso. Penso exactamente o contrário." Quando Paola Zanutttini publicou o seu artigo, na Itália, as reacções mais violentas vieram da blogosfera. Maurizio Belpietro, director do Libre, pediu desculpa pelo sucedido e mandou retirar a entrevista do site.
Poderia ter sido só isto. Mas Philip Roth tratou de procurar no Google e descobriu, não só, que já em 2006, John Le Carré tinha desmentido ao The Guardian uma entrevista que teria dado a este jornalista, como encontrou outras entrevistas feitas por Tommaso Debenedetti que lhe pareceram igualmente "pouco plausíveis" - como aquela em que John Grisham também criticava o Presidente americano. Não demorou muito até os agentes dos dois escritores chegarem à conclusão que estavam perante um criminoso que, aproveitando-se do facto de escrever em italiano, uma língua que os seus "entrevistados" não dominam, se dava ao luxo de inventar conversas com escritores mundialmente famosos. E o caso só não avançou para o tribunal porque os dois autores, apesar de muito zangados, acharam que teriam de despender muito tempo, dinheiro e viagens a Itália para resolverem o assunto.
Mas a história continua. A 5 de Abril, a revista New Yorker denunciou o caso e a jornalista Judith Thurman continua a telefonar para escritores para averiguar se foram ou não entrevistados por Debenedetti. A lista já tem já 25 nomes, incluindo Günter Grass, Le Clézio, V. S. Naipul, Amos Oz, Elie Wiesel ou Toni Morrison.
A princípio, Debenedetti explicou que tinha feito a entrevista a Roth por telefone e que não conseguia encontrar a gravação. Mas, perante os factos, calou-se. Nascido em 1969, em Roma, Tommaso Debenedetti é filho de Antonio Debenedetti, escritor e crítico bastante respeitado que publica no Il Corriere della Sera, e neto de Giacomo Benedetti, um dos mais importantes críticos literários do século passado. Além do Libre, tem publicado artigos e entrevistas a escritores e intelectuais em jornais locais.
(Fonte: DN Tv & Media)
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