quarta-feira, 30 de maio de 2012

A QUESTÃO DAS COTAS RACIAIS VISTA POR UM FILÓSOFO

Pergunta. Por que cotas étnicas? E por que só para negros e índios?



Resposta. É fácil entender. As cotas étnicas não são uma dádiva para resolver problema educacional de alguma minoria. Elas são para resolver problema da maioria (lembrando que o termo minoria e maioria aqui é sociológico, não numérico). Ou seja, não é uma medida que tem a ver com a educação (ainda que, no caso, a cota seja “para universidade”), pois se tivesse a ver com educação, seria ridículo. Trata-se de uma medida semelhante à cota da mulher nos partidos, que foi feita para que os homens tivessem mulheres junto com eles na atividade política e, então, perdessem o preconceito – fazendo então toda sociedade diminuir seu preconceito. Isso aconteceu. E hoje nem mais as cotas para mulheres nos partidos são necessárias. A mesma coisa com a cota para negros e índios: eles estão em número muito reduzido em vários espaços públicos, principalmente na universidade, e isso amplia ou mantém o preconceito. Ampliando o número deles mais rapidamente em vários lugares públicos, amplia-se a convivência e o preconceito diminui. Essa experiência americana deu certo. Conosco, vai dar mais certo ainda. Mas, é claro, há uma direita que não quer entender isso e se passa por liberal, quando na verdade é racista e nada tem de liberal. E há uma esquerda que não sabe defender as cotas e fala que é por questão de justiça educacional ou justiça histórica, e isso também piora as coisas, pois no primeiro caso seria inútil e no segundo caso talvez ilegítima.

  Filósofo Paulo Ghiraldelli
Fonte: http://ghiraldelli.pro.br/2012/05/27/minorias/

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