quarta-feira, 8 de agosto de 2012
O PROFESSOR , A LEITURA E A PONTE
A argentina María Teresa Andruetto é uma ponte entre as pontes. “Ponte”, segundo ela, é a melhor maneira de definir um bom professor, elo fundamental entre o conhecimento literário e os jovens leitores ávidos por informação. Com dezenas de livros publicados, essa formadora de professores acaba de receber o mais alto reconhecimento por seu trabalho: o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o “Nobel” da literatura infantojuvenil. Em junho, María Teresa veio ao Brasil para palestras e o lançamento do seu primeiro livro no país, A menina, o coração e a casa, pela Global.
LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL – Hoje as crianças estão cada vez mais influenciadas pela tecnologia, videogames, iPads, redes sociais. Isso terá algum peso sobre os novos autores de literatura infantil? Como o livro, uma obra teoricamente estática, pode concorrer com essas mídias tão sedutoras?
MARÍA TERESA ANDRUETTO – Por um lado, usamos com frequência esses novos aparelhos tecnológicos, mas também temos de lembrar que eles não estão ao alcance de todas as crianças de nossos países. A realidade é que vivemos em um mundo onde diversos instrumentos de acesso às histórias e ao conhecimento podem coexistir. Por outro lado, o livro como provocador da leitura não é nem um pouco estático; na verdade, é a mídia mais dinâmica que existe. Em alguns casos, é muito mais dinâmico na provocação de nosso imaginário do que um videogame, em que as opções para a imaginação são predeterminadas. Além disso, as novas edições de livros infantojuvenis são concebidas de acordo com os mais altos padrões estéticos de design e ilustrações, o que resulta em um convite à leitura bastante atraente para os novos leitores
DIPLOMATIQUE – Um dos pontos mais importantes de seu trabalho é a formação dos professores, que a senhora define como “pontes”. Como o papel do professor mudou ao longo das últimas décadas? Como será o professor no futuro? Ele ainda será a ponte fundamental entre o conhecimento e as crianças?
MARÍA TERESA – Creio que essa “ponte humana” será sempre necessária. Um bom professor não ensina apenas conhecimentos específicos; ele transmite também um modo de se corresponder com o mundo, uma concepção de vida. Pode deixar no outro uma marca indelével, social, ética, estética.
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