sexta-feira, 29 de junho de 2012
O ESTADO DEVE REGER A LÍNGUA?
Controlar a língua e a literatura é tentação autoritária de inquietante frequência no Brasil. A mais recente demonstração desse impulso teve fim em abril, quando o projeto de lei que baniria de escolas estaduais mineiras os livros escritos fora da norma gramatical hegemônica, ou com conteúdo imoral, acabou engavetado, após repercussão em redes sociais. Protocolado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais em junho de 2011, pelo deputado Bruno Siqueira (PMDB), o projeto 1.983 dizia:
"Fica proibida a adoção e distribuição, na rede de ensino pública e privada do estado de Minas Gerais, de qualquer livro didático, paradidático ou literário com conteúdo contrário à norma culta da língua portuguesa ou que viole de alguma forma o ensino correto da gramática. O disposto no caput também se aplica quando o conteúdo apresentar elevado teor sexual, com descrições de atos obscenos, erotismo e referências a incestos ou apologias e incentivos diretos ou indiretos à prática de atos criminosos".
Abaixo-assinadoAo pé da letra, o texto original permitiria, no limite, até a proibição de autores como Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Jorge Amado, por desacordo com a norma culta e temas inapropriados. Modificado, o projeto foi aprovado nas comissões de Justiça e Educação e estava à espera de votação até que o doutorando em literatura pela USP Roberto Círio Nogueira soube do projeto pelo site do deputado. Para ele, o original "abriria precedente para a proibição de praticamente toda a literatura brasileira, desde o modernismo". O assunto tomou as redes sociais e um abaixo-assinado postado por Nogueira teve 7 mil adesões em dois dias, levando o deputado a retirar o PL da pauta de votação.
- O PL não proíbe Guimarães Rosa. Há desconhecimento do processo legislativo. O original de um projeto é apresentado para debate e mudado nas discussões. Quando da polêmica nas redes, o original, que reconheço ter problemas, já havia sido mudado para "Será priorizada a adoção de livros que não contrariem a norma culta". Não falava mais em proibir livros - defende-se Siqueira.
PARA LER MAIS: http://revistalingua.uol.com.br/textos/80/o-estado-deve-reger-a-lingua-260766-1.asp
GRILOS CRI-CRI QUIRIRI
QUIRIRI
Calor. Nos tapetes
tranquilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.
(haikai de Guilherme de Almeida)
Calor. Nos tapetes
tranquilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.
(haikai de Guilherme de Almeida)
quinta-feira, 28 de junho de 2012
CELULARES: CONSUMO E CUSTO AMBIENTAL
Especial para Caros Amigos
A designer Luana Ferreira Santana, 27 anos, troca de aparelho celular três vezes por ano. A sua última aquisição foi o iPhone 4S, da Apple. “Para eu comprar um celular, ele precisa ser bonito, tirar fotos com qualidade, ter uma memória considerável, acesso à internet e ficar conectado às redes sociais”, explica Luana. Quando perguntada se sabia quais os recursos naturais eram utilizados, a resposta foi rápida: “Não faço ideia. Fiquei até curiosa agora, mas não sei não.” Mas afinal de contas, de onde vêm o celular?
O aparelho eletrônico é resultado de uma série de recursos extraídos da natureza. Para produzir componentes do celular como bateria, caixa, circuitos, fios e tela de LCD é necessária a utilização de bens naturais finitos e seus derivados como plástico (derivado do petróleo), cerâmica, cobre, níquel e zinco. Além disso, o processo industrial é longo e exige um alto consumo de energia elétrica, água e combustíveis. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) indicam que o Brasil terminou o mês de maio de 2012 com quase 255 milhões de celulares ativos. O número é superior à população inteira do País, que atualmente está em torno de 190 milhões. Isso indica haver 1,3 celular ativo para cada brasileiro.
“O problema ambiental não está ligado diretamente ao crescimento populacional, como muitos dizem, mas, sim, ao uso exagerado de recursos naturais”, afirma o geógrafo Wagner Costa Ribeiro. “Até quando conseguiremos manter a ilusão de que é possível produzir eternamente mercadorias que são descartadas com muita facilidade?”, pergunta ele.
Luana também tem MacBook, que adquiriu há mais de dois anos e pretende comprar ainda este ano um iPod e um iMac. “Comprei o celular por capricho, pois queria um aparelho bacana e lindo pra poder sair me exibindo por aí. Nele está tudo de mais moderno que se tem hoje em tecnologia para celular”, afirma. “Então, você passa a se perguntar: 'como sobrevivi sem um iPhone por tanto tempo?'”, brinca a jovem.
Outro problema na produção do celular é o deslocamento, pois a fábrica que produz os componentes não é a mesma que realiza a montagem do aparelho. Depois de montado, ele é embalado e transportado para as empresas que realizam as vendas. Este transporte pode ser por rodovia ou marítimo.
PARA LER MAIS: http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/cotidiano/2172-celulares-consumo-e-custo-ambiental
quarta-feira, 27 de junho de 2012
ANONIMATO NA INTERNET
PROJETO TOR
Software ajuda a manter anonimato na internet
26/06/2012 na edição 700
Tradução e edição: Leticia Nunes
Originalmente criado em um laboratório da marinha americana com o objetivo de proteger as comunicações do governo, o projeto Tor cresceu e se transformou em uma plataforma que ajuda as pessoas a se manterem anônimas na internet. Na semana passada, o Knight News Challenge, programa da Fundação Knight, anunciou uma injeção de verba no projeto, que deverá se estabelecer como uma base de apoio poliglota – permitindo que pessoas em todo o mundo possam obter assistência a qualquer hora.
O software é gratuito e funciona espalhando transações online pela rede. Desta forma, torna-se impossível determinar a localização de alguém com base em sua atividade online. O primeiro objetivo do Tor, em sua nova forma, é dar liberdade a quem não quer ter suas pegadas marcadas na internet, mas o Knight News Challenge acredita que ele também tem valor jornalístico. Com o auxílio do software, pessoas que vazam informações confidenciais podem proteger suas identidades, e jornalistas não precisam identificar sua localização, evitando problemas em países repressivos.
Andrew Lewman, diretor-executivo do projeto, diz que o Tor tem usuários em “todos os países do mundo que têm acesso à internet, com exceção talvez da Coréia do Norte”. Hoje, os países que mais usam o software são EUA, Itália, França, Alemanha e Espanha.
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed700_software_ajuda_a_manter_anonimato_na_internet
VIDA E ALEGRIA
"Acho que as pessoas não foram feitas para a morte, mas para a vida e para a alegria."
Antonio Lobo Antunes, escritor português em entrevista a um jornal de Lisboa
Antonio Lobo Antunes, escritor português em entrevista a um jornal de Lisboa
segunda-feira, 25 de junho de 2012
POEMA DE MANUEL DE BARROS
Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era só abrir a palavra abelha
e entrar dentro dela.
Como se fosse infância da língua.
"FEBRE DO RATO" : UM DOS FILMES MAIS POLÊMICOS DO BRASIL
Febre do Rato é uma expressão popular típica da cidade do Recife que designa alguém quando está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo (Irandhir Santos), um poeta inconformado e de atitude anarquista, chama um pequeno tablóide que ele publica com o próprio dinheiro. Na cidade úmida e escaldante, enfiada na beira de mangues e favelas, Zizo alimenta sua pena, seu sarcasmo, sua grossa ironia. As coisas caminham de maneira descontrolada, mas ao mesmo tempo todas as relações estão estabelecidas em cima do mundo que Zizo criou e alimentou para si mesmo: um mundo livre, anarquista, em que tudo é possível.
COMENTÁRIO DO PROF. FRANCISCO: UM DOS FILMES MAIS POLÊMICOS, DESBOCADOS, PROVOCADORES QUE O BRASIL JÁ PRODUZIU.
FOGE DOS PADRÕES DE FILMES BRASILEIROS IDIOTAS QUE PASSAM NOS SHOPPINGS.
MAS É PRECISO CUIDADO SE VOCÊ TEM MEDO DAS COISAS.
NINGUÉM SAI ILESO DE UM FILME COMO ESSE.
MELHOR LUGAR PARA ASSISTIR: RESERVA CULTURAL, AVENIDA PAULISTA
LER É MUITO MAIS QUE LER LIVROS
![Início do conteúdo](http://www.estadao.com.br/estadao/novo/img/blank.gif)
Hábito de ler está além dos livros, diz um dos maiores especialistas em leitura do mundo
24 de junho de 2012 | 23h 50
Um dos maiores especialistas em leitura do mundo, o francês Roger Chartier destaca que o hábito de ler está muito além dos livros impressos e defende que os governos têm papel importante na promoção de uma sociedade mais leitora.
O historiador esteve no Brasil para participar do 2º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em entrevista à Agência Brasil, o professor e historiador avaliou que os meios digitais ampliam as possibilidades de leitura, mas ressaltou que parte da sociedade ainda está excluída dessa realidade. “O analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital”, disse.
Agência Brasil: Uma pesquisa divulgada recentemente indicou que o brasileiro lê em média quatro livros por ano (a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em abril). Podemos considerar essa quantidade grande ou pequena em relação a outros países?
Roger Chartier: Em primeiro lugar, me parece que o ato de ler não se trata necessariamente de ler livros. Essas pesquisas que peguntam às pessoas se elas leem livros estão sempre ignorando que a leitura é muito mais do que ler livros. Basta ver em todos os comportamentos da sociedade que a leitura é uma prática fundamental e disseminada. Isso inclui a leitura dos livros, mas muita gente diz que não lê livros e de fato está lendo objetos impressos que poderiam ser considerados [jornais, revistas, revistas em quadrinhos, entre outras publicações]. Não devemos ser pessimistas, o que se deve pensar é que a prática da leitura é mais frequente, importante e necessária do que poderia indicar uma pesquisa sobre o número de livros lidos.
PARA LER MAIS:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,-habito-de-ler-esta-alem-dos-livros-diz-um-dos-maiores-especialistas-em-leitura-do-mundo,891006,0.htm
Um dos maiores especialistas em leitura do mundo, o francês Roger Chartier destaca que o hábito de ler está muito além dos livros impressos e defende que os governos têm papel importante na promoção de uma sociedade mais leitora.
O historiador esteve no Brasil para participar do 2º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em entrevista à Agência Brasil, o professor e historiador avaliou que os meios digitais ampliam as possibilidades de leitura, mas ressaltou que parte da sociedade ainda está excluída dessa realidade. “O analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital”, disse.
Agência Brasil: Uma pesquisa divulgada recentemente indicou que o brasileiro lê em média quatro livros por ano (a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em abril). Podemos considerar essa quantidade grande ou pequena em relação a outros países?
Roger Chartier: Em primeiro lugar, me parece que o ato de ler não se trata necessariamente de ler livros. Essas pesquisas que peguntam às pessoas se elas leem livros estão sempre ignorando que a leitura é muito mais do que ler livros. Basta ver em todos os comportamentos da sociedade que a leitura é uma prática fundamental e disseminada. Isso inclui a leitura dos livros, mas muita gente diz que não lê livros e de fato está lendo objetos impressos que poderiam ser considerados [jornais, revistas, revistas em quadrinhos, entre outras publicações]. Não devemos ser pessimistas, o que se deve pensar é que a prática da leitura é mais frequente, importante e necessária do que poderia indicar uma pesquisa sobre o número de livros lidos.
PARA LER MAIS:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,-habito-de-ler-esta-alem-dos-livros-diz-um-dos-maiores-especialistas-em-leitura-do-mundo,891006,0.htm
sexta-feira, 22 de junho de 2012
UM POETA NA ERA DA INTERNET
Fabrício Carpinejar: o poeta pop
Depois de fazer sucesso no Twitter com observações sobre o cotidiano, o premiado autor estreia programa na TV
LIBERDADE NA VIDA
É TER UM AMOR
PARA SE PRENDER
Carpinejar
![Carpinejar: óculos de lentes coloridas, unhas pintadas e anéis da Rua 25 de Março](http://img.vejasp.abril.com.br/t/2/t420x280/dsc-3017.jpg)
Carpinejar: óculos de lentes coloridas, unhas pintadas e anéis da Rua 25 de Março
Cida Souza
No microblog, costuma lançar frases de efeito inspiradas em situações cotidianas, platitudes e pérolas de autoajuda como “O tropeço é um salto”. Diz Mariana Ditolvo, especialista em redes sociais da agência de comunicação digital Ginga: “O público que ele conquistou na internet é algo incomum, por não se tratar de uma celebridade nacional”. O que o faz tão acessível? “A sensibilidade, o humor e a capacidade de ver o mundo através da ótica feminina”, acredita Rosemary Alves, diretora editorial da Bertrand Brasil, responsável pela publicação de boa parte de seus livros desde 1998, quando lançou o primeiro volume, “As Solas do Sol”.
SITE DO POETA PRA VOCÊ ACOMPANHAR:
http://carpinejar.blogspot.com.br/
DICAS DE DISSERTAÇÃO: AUMENTANDO SUA BAGAGEM CULTURAL
Para se ter boas ideias na redação é preciso uma boa bagagem cultural. Esta não se adquire do nada. É por isso que trago para os alunos textos diversos de revistas, jornais, sites sobre os diversos assuntos que estão em pauta no mundo. Também aqui no blog procuro trabalhar com as diversas linguagens existentes (quadrinhos, charges, fotografias, notícias, artigos, indicação de sites, apresentação de autores e livros etc.). O objetivo é expandir, com dicas não só da área culta, o universo do aluno. E desfazer ideias pré-concebidas de que literatura é algo culto, nerd e distante, de que redação é algo impossível. Se o aluno não quer ler os textos (e eu tenho um assim...), não lê e entende os objetivos do blog, o concorrente no vestibular agradece.(FRANCISCO CARVALHO)
quarta-feira, 20 de junho de 2012
MARAVILHOSO LIVRO QUE ESTOU LENDO: UM MENDIGO CULTÍSSIMO QUE ANDA PELAS RUAS DE UMA GRANDE CIDADE
"O MENDIGO QUE SABIA DE COR OS ADÁGIOS DE ERASMO DE ROTTERDAM"
AUTOR: EVANDRO AFFONSO FERREIRA
EDITORA RECORD - 2012
((ESTOU LENDO E REDOMENDO))
A obsessão com a originalidade da linguagem sempre foi uma marca registrada de Evandro Affonso Ferreira, cuja literatura, iniciada em 2000 com o elogiado Grogotó, chegou a ser comparada à de Guimarães Rosa. Mas agora, aos 66 anos e em seu sexto livro, o escritor está mais reflexivo. Deixou de lado o cuidado excessivo com a forma, mas sem abrir mão da musicalidade, do cuidado com as palavras, da concisão — o que já vinha fazendo desde seu romance anterior, Minha mãe se matou sem dizer adeus, vencedor do Prêmio APCA de melhor romance de 2010 e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti de 2011.
Neste belo e devastador O MENDIGO QUE SABIA DE COR OS ADÁGIOS DE ERASMO DE ROTTERDAM, o autor volta a abordar temas “tenebrosos”, como solidão, loucura, decrepitude, morte. Por trás do longo título está a história de um homem culto, profundo conhecedor da obra do filósofo holandês, que, depois de ser abandonado por sua amada, perdeu a razão e transformou-se em um morador de rua. Um romance “niilista-lírico”, como define o próprio autor, em que ele abre mão do parágrafo, apresentando-o de um fôlego, valendo-se com habilidade do fluxo de consciência.
Há dez anos vagueando pelas ruas do centro de uma metrópole à procura de coincidências poéticas que lhe aplaquem tristeza, dor e solidão, um homem atormentado experimenta a proximidade dolorosa do mundo enquanto espera o retorno de sua amada — a que lhe deixou bilhete dizendo “ACABOU-SE; ADEUS”.
Seu mantra, ladainha ou refrão, repetido incansavelmente, “ELA VIRÁ— EU SEI”, impulsiona-o a seguir adiante mesmo que não haja um rumo certo. Sem poder nomeá-la ou mesmo ancorá-la em algum porto seguro nos seus pensamentos, escreve a lápis em todos os espaços vazios da cidade a letra N, inicial do nome da amada, e lança desafio aos deuses do esquecimento trazendo o tempo todo à memória os momentos de intimidade afetiva e intelectual vividos ao lado dela.
Levando consigo os Adágios de Erasmo de Rotterdam, esse mendigo erudito conhece tudo sobre vida e obra do humanista holandês — sim, o mesmo do Elogio da loucura. E narra o tempo todo sua história a um interlocutor-escritor imaginário, a quem chama de “senhor”. Ambos, narrador e interlocutor, estão debaixo de um viaduto entre tantos outros personagens-mendigos, que de miseráveis anônimos e insólitos se transformam em criaturas extraordinárias na imaginação do mendigo-poeta, como a “mulher-molusco” e o “menino borboleta”.
AUTOR: EVANDRO AFFONSO FERREIRA
EDITORA RECORD - 2012
((ESTOU LENDO E REDOMENDO))
A obsessão com a originalidade da linguagem sempre foi uma marca registrada de Evandro Affonso Ferreira, cuja literatura, iniciada em 2000 com o elogiado Grogotó, chegou a ser comparada à de Guimarães Rosa. Mas agora, aos 66 anos e em seu sexto livro, o escritor está mais reflexivo. Deixou de lado o cuidado excessivo com a forma, mas sem abrir mão da musicalidade, do cuidado com as palavras, da concisão — o que já vinha fazendo desde seu romance anterior, Minha mãe se matou sem dizer adeus, vencedor do Prêmio APCA de melhor romance de 2010 e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti de 2011.
Neste belo e devastador O MENDIGO QUE SABIA DE COR OS ADÁGIOS DE ERASMO DE ROTTERDAM, o autor volta a abordar temas “tenebrosos”, como solidão, loucura, decrepitude, morte. Por trás do longo título está a história de um homem culto, profundo conhecedor da obra do filósofo holandês, que, depois de ser abandonado por sua amada, perdeu a razão e transformou-se em um morador de rua. Um romance “niilista-lírico”, como define o próprio autor, em que ele abre mão do parágrafo, apresentando-o de um fôlego, valendo-se com habilidade do fluxo de consciência.
Há dez anos vagueando pelas ruas do centro de uma metrópole à procura de coincidências poéticas que lhe aplaquem tristeza, dor e solidão, um homem atormentado experimenta a proximidade dolorosa do mundo enquanto espera o retorno de sua amada — a que lhe deixou bilhete dizendo “ACABOU-SE; ADEUS”.
Seu mantra, ladainha ou refrão, repetido incansavelmente, “ELA VIRÁ— EU SEI”, impulsiona-o a seguir adiante mesmo que não haja um rumo certo. Sem poder nomeá-la ou mesmo ancorá-la em algum porto seguro nos seus pensamentos, escreve a lápis em todos os espaços vazios da cidade a letra N, inicial do nome da amada, e lança desafio aos deuses do esquecimento trazendo o tempo todo à memória os momentos de intimidade afetiva e intelectual vividos ao lado dela.
Levando consigo os Adágios de Erasmo de Rotterdam, esse mendigo erudito conhece tudo sobre vida e obra do humanista holandês — sim, o mesmo do Elogio da loucura. E narra o tempo todo sua história a um interlocutor-escritor imaginário, a quem chama de “senhor”. Ambos, narrador e interlocutor, estão debaixo de um viaduto entre tantos outros personagens-mendigos, que de miseráveis anônimos e insólitos se transformam em criaturas extraordinárias na imaginação do mendigo-poeta, como a “mulher-molusco” e o “menino borboleta”.
POR QUE FOI ENTÃO QUE TE ROUBARAM O MUNDO?
Carta para Josefa, minha avó
Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.
É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.
José Saramago, in “Deste Mundo e do Outro"
terça-feira, 19 de junho de 2012
ALEGRIA DE VIVER
AXIOMA
Sempre é melhor
saber
que não saber.
saber
que não saber.
Sempre é melhor
sofrer
que não sofrer
sofrer
que não sofrer
Sempre é melhor
desfazer
que tecer(...)
desfazer
que tecer(...)
(Trecho de poema de Orides Fontela)
QUEM É ORIDES FONTELA:
QUEM É ORIDES FONTELA:
![](http://www.institutohypnos.org.br/wp-content/uploads/2012/03/orides-300x171.png)
Professora primária e bibliotecária, Orides viveu sempre em meio a grandes dificuldades. Sempre com os nervos à flor da pele, meteu-se em encrencas e provocou escândalos com seus melhores amigos. Boêmia e depressiva, várias vezes tentou o suicídio. Exageros que culminaram na morte precoce, aos 58 anos, num sanatório em Campos do Jordão.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
DOR E POESIA
A Dor Tem um Elemento de Vazio
A Dor - tem um Elemento de Vazio -
Não se consegue lembrar
De quando começou - ou se houve
Um tempo em que não existiu -
Não tem Futuro - para lá de si própria -
O seu Infinito contém
O seu Passado - iluminado para aperceber
Novas Épocas - de Dor.
Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"
Tradução de Nuno Júdice
QUEM FOI EMILY DICKINSON:
A americana Emily Dickinson (1830-1886) é um dos poetas mais cultuados em todo o mundo. Desafio dos tradutores, ela já teve versos transpostos para o português por nomes quentíssimos como Manuel Bandeira, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Paulo Henriques Britto e uma série de outros poetas menos conhecidos.
Nascida em Amherst, Massachusetts, onde viveu toda a vida, Emily é vista como uma excêntrica. Quando tinha cerca de 30 anos, encerrou-se na casa dos pais, de onde nunca saía. Retirava-se quando chegavam visitas e só era vista em trajes brancos. Embora avessa ao contato social, escrevia muitas cartas.
De seus poemas, escritos em verdadeira clausura, somente sete foram publicados durante sua vida (no total, são cerca de 1800 poemas). Inovadora na linguagem, ela desenvolveu formas originais de expressão. Até sua pontuação, marcada por travessões, é diferente de qualquer outro poeta de sua época. Para alguns analistas, a poeta usava os travessões como uma forma de marcar o ritmo.
Os temas de Emily são perenes. Os editores costumam agrupar seus poemas sob títulos como Vida, Amor, Natureza, Morte, Tempo e Eternidade. Os poemas da Bela de Amherst, como Emily ficou conhecida, foram publicados depois de sua morte, em 1890, 1891 e 1896. Somente em 1955 é que apareceu, pela primeira vez, uma edição de sua poesia completa.
A Dor - tem um Elemento de Vazio -
Não se consegue lembrar
De quando começou - ou se houve
Um tempo em que não existiu -
Não tem Futuro - para lá de si própria -
O seu Infinito contém
O seu Passado - iluminado para aperceber
Novas Épocas - de Dor.
Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"
Tradução de Nuno Júdice
QUEM FOI EMILY DICKINSON:
A americana Emily Dickinson (1830-1886) é um dos poetas mais cultuados em todo o mundo. Desafio dos tradutores, ela já teve versos transpostos para o português por nomes quentíssimos como Manuel Bandeira, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Paulo Henriques Britto e uma série de outros poetas menos conhecidos.
Nascida em Amherst, Massachusetts, onde viveu toda a vida, Emily é vista como uma excêntrica. Quando tinha cerca de 30 anos, encerrou-se na casa dos pais, de onde nunca saía. Retirava-se quando chegavam visitas e só era vista em trajes brancos. Embora avessa ao contato social, escrevia muitas cartas.
De seus poemas, escritos em verdadeira clausura, somente sete foram publicados durante sua vida (no total, são cerca de 1800 poemas). Inovadora na linguagem, ela desenvolveu formas originais de expressão. Até sua pontuação, marcada por travessões, é diferente de qualquer outro poeta de sua época. Para alguns analistas, a poeta usava os travessões como uma forma de marcar o ritmo.
Os temas de Emily são perenes. Os editores costumam agrupar seus poemas sob títulos como Vida, Amor, Natureza, Morte, Tempo e Eternidade. Os poemas da Bela de Amherst, como Emily ficou conhecida, foram publicados depois de sua morte, em 1890, 1891 e 1896. Somente em 1955 é que apareceu, pela primeira vez, uma edição de sua poesia completa.
CACASO: UM POETA MAIOR
HAPPY END ( FINAL FELIZ )
O meu amor e eu
nascemos um para o outro.
Agora só falta quem nos apresente.
QUEM É CACASO:
Cacaso
![Cacaso](http://www.mpbnet.com.br/musicos/cacaso/images/cacaso.jpg)
Foto:
Arquivos da Agência Globo
Antonio
Carlos Ferreira de Brito nasceu em Uberaba - MG, em 13 de março de
1944. Grande poeta, foi um dos principais parceiros nas composições de Sueli Costa e também de Nelson Angelo. Faleceu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1987.
Assim o descreve Roberto Schwarz, crítico literário:
"A estampa de Cacaso era rigorosamente 68: cabeludo, óculos John Lennon, sandálias, paletó vestido em cima de camisa de meia, sacola de couro. Na pessoa dele entretanto esses apetrechos de rebeldia vinham impregnados de outra conotação mais remota. Sendo um cavalheiro de masculinidade ostensiva, Cacaso usava a sandália com meia soquete branca, exatamente como era obrigatório no jardim-de-infância. A sua bolsa a tiracolo fazia pensar numa lancheira, o cabelo comprido lembrava a idade dos cachinhos, os óculos de vovó pareciam de brinquedo, e o paletó, que emprestava um decoro meio duvidoso ao conjunto, também".
Assim o descreve Roberto Schwarz, crítico literário:
"A estampa de Cacaso era rigorosamente 68: cabeludo, óculos John Lennon, sandálias, paletó vestido em cima de camisa de meia, sacola de couro. Na pessoa dele entretanto esses apetrechos de rebeldia vinham impregnados de outra conotação mais remota. Sendo um cavalheiro de masculinidade ostensiva, Cacaso usava a sandália com meia soquete branca, exatamente como era obrigatório no jardim-de-infância. A sua bolsa a tiracolo fazia pensar numa lancheira, o cabelo comprido lembrava a idade dos cachinhos, os óculos de vovó pareciam de brinquedo, e o paletó, que emprestava um decoro meio duvidoso ao conjunto, também".
Blogueiro escreve livro sobre cotidiano de Paraisópolis
O livro-reportagem “A Cidade do Paraíso – Há vida na segunda maior favela de São Paulo” é o resultado de quatro anos do curso de jornalismo do correspondente do Mural Vagner de Alencar, 25. Ele defendeu ontem na Universidade Presbiteriana Mackenzie seu TCC (trabalho de conclusão de curso) e obteve nota máxima.
Produzido em parceria com Bruna Belazi, 22, o livro retrata o cotidiano de Paraisópolis, localizada na zona sul e registrada como a segunda maior favela da capital paulista, com cerca de cem mil moradores.
O livro usa como fio condutor para contar as histórias dos personagens os becos e as vielas do bairro –algumas delas já haviam sido contadas aqui, como o mistério da mina e a multiplicação dos salões de beleza na região.
“O objetivo desse livro é trazer à tona a alma da gente que vive em Paraisópolis, que, muitas vezes, ainda é tratada de forma estereotipada e cheia de preconceitos”, afirmou o blogueiro.
O livro destaca, sobretudo, a rotina de donas de casa, donos de salões de beleza, artistas _ como o “arquiteto de garrafa PET”, a escritora de Jussara e “o homem que transforma sucata em arte”_, além de abordar outros aspectos culturais, como “a festa na laje” ou o “forró, o luxo do pobre”. Ao todo são 30 capítulos distribuídos em 118 páginas, que foram elaborados sob a orientação da professora de jornalismo Denise Paiero.
Para o professor Fernando Morais, que participou da banca de avaliação do TCC, os autores conseguiram sair do lugar comum, conduzindo a narrativa sem olhar maniqueísta de pena ou de rancor. “Esse livro foi feito na medida certa”, disse. “Merece ser publicado.” Na rede social Facebook, o sucesso já começou: a capa do livro-reportagem foi compartilhada mais de 130 vezes.
A relação de Vagner com Paraisópolis começou em 1995, quando ele e sua família deixaram a cidade natal, Barra do Choça (BA), para se mudar para a comunidade. No ano passado, ele foi um dos vencedores do 3º Prêmio Jovem Jornalista, do Instituto Vladimir Herzog, ao escrever um projeto de reportagem sobre o cenário da educação em Paraisópolis.
Fonte: Folha.com
sexta-feira, 15 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
A POESIA PODE TUDO !
Como é possível que palavras consigam dar conta de um colibri pairando no ar ? O grande poeta consegue. E mais ainda se for o poeta mexicano Octávio Paz ! Que ele, onde esteja, me perdoe a ousadia de traduzir seu poema. É que poesia é pra se dar, distribuir. E Paz deve gostar que eu distribua aquilo que ele fez de melhor: dar um flash de um colibri no ar (a arte consegue isso).
Gracias, Paz! (FRANCISCO CARVALHO)
LA EXCLAMACIÓN
Quieto
no en la rama
en el aire
No en el aire
en el instante
el colibrí
A EXCLAMAÇÃO
Quieto
não no ramo
no ar
Não no ar
no instante
o colibri
(Perdão, Paz, por ousar traduzir...)
Gracias, Paz! (FRANCISCO CARVALHO)
LA EXCLAMACIÓN
Quieto
no en la rama
en el aire
No en el aire
en el instante
el colibrí
A EXCLAMAÇÃO
Quieto
não no ramo
no ar
Não no ar
no instante
o colibri
(Perdão, Paz, por ousar traduzir...)
quarta-feira, 13 de junho de 2012
USP é eleita a melhor universidade da América Latina
O ensino superior do Brasil vai bem, pelo menos se comparado apenas com as universidades latinas.
É isso que mostra um ranking divulgado hoje pelo QS, grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo, a Top Universities.
A listagem latina traz a USP como a melhor universidade da região. Entre as dez primeiras há mais duas brasileiras: a Unicamp (3º lugar) e a UFRJ (9º). As demais instituições do topo são do Chile, do México e da Colômbia.
Nesta edição, o Brasil tem 65 universidades entre as 250 melhores da região. Isso significa que uma em cada quatro universidades de qualidade nos 19 países latinos analisados pelo QS é brasileira.
Segundo Catarina Roscoe, consultora do QS, o bom desempenho se deve a um investimento maior em educação.
"O governo brasileiro tem claramente priorizado o investimento em educação. A porcentagem da despesa pública investida em educação cresceu de 10,5% em 2000 para 17,4% em 2008", diz.
Fonte: Folha.com, 13.06.2012
É isso que mostra um ranking divulgado hoje pelo QS, grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo, a Top Universities.
A listagem latina traz a USP como a melhor universidade da região. Entre as dez primeiras há mais duas brasileiras: a Unicamp (3º lugar) e a UFRJ (9º). As demais instituições do topo são do Chile, do México e da Colômbia.
Nesta edição, o Brasil tem 65 universidades entre as 250 melhores da região. Isso significa que uma em cada quatro universidades de qualidade nos 19 países latinos analisados pelo QS é brasileira.
Segundo Catarina Roscoe, consultora do QS, o bom desempenho se deve a um investimento maior em educação.
"O governo brasileiro tem claramente priorizado o investimento em educação. A porcentagem da despesa pública investida em educação cresceu de 10,5% em 2000 para 17,4% em 2008", diz.
Fonte: Folha.com, 13.06.2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
POESIA PARA AGARRAR O MOMENTO
Desejo
Só o desejo não passa
e só deseja o que passa
e passo meu tempo inteiro
a enfrentar um só problema:
ao menos no meu poema
agarrar o passageiro.
(Do poeta Antônio Cícero,em livro que ainda vai ser lançado)
Ilustração: "Auto-retrato com camisa vermelha", Egon Schielle
Só o desejo não passa
e só deseja o que passa
e passo meu tempo inteiro
a enfrentar um só problema:
ao menos no meu poema
agarrar o passageiro.
(Do poeta Antônio Cícero,em livro que ainda vai ser lançado)
Ilustração: "Auto-retrato com camisa vermelha", Egon Schielle
segunda-feira, 11 de junho de 2012
TRANSFORME O MUNDO
se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo. ótica olho vivo agradece a preferência (Poema de Chacal)
QUER DIZER QUE 100 MILHÕES ESTÃO FORA?
Mais de 80 milhões de brasileiros têm acesso à internet, diz Ibope
A marca foi ultrapassada no primeiro trimestre de 2012. Audiência de sites de hotéis e de humor também cresceu neste período
Hoje, 82,4 milhões de brasileiros têm acesso à internet, segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta segunda-feira (11).
O número, que tem como base o primeiro trimestre de 2012, cresceu 5%
quando comparado aos 78,2 milhões de internautas do primeiro trimestre
de 2011.![Número de brasileiros com acesso à internet - do primeiro trimestre de 2009 ao primeiro trimestre de 2012 (Foto: Fonte: IBOPE Nielsen Online) Número de brasileiros com acesso à internet - do primeiro trimestre de 2009 ao primeiro trimestre de 2012 (Foto: Fonte: IBOPE Nielsen Online)](http://e.glbimg.com/og/ed/f/original/2012/06/11/evolucao_pessoas_acesso_internet_600px.jpg)
GENTE QUE FAZ ALGUMA COISA PELO MUNDO
05/06/2012
-
22h57
Cameron Sinclair faz apelo por arquitetura mais social do que estética
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DE SÃO PAULO
Na conferência que realizou na noite desta terça-feira, no Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, o arquiteto britânico Cameron Sinclair, 39, voltou --como fez em entrevista à Folha-- a fazer um apelo por uma arquitetura de cunho mais social do que estético.
"Se você nunca construiu um prédio, me desculpe, você não pode ser considerado um arquiteto", provocou ele ao falar sobre a necessidade de se ampliar o espectro da atividade, tirando-o de projetos resumidos ao papel e aliando-o a antropologia e a aspectos culturais, econômicos e políticos de cada comunidade.
Diretor da Architecture For Humanity, uma ONG dedicada a construção de abrigos e aparelhos comunitários em regiões negligenciadas ou atingidas por desastres naturais, Sinclair listou uma serie de projetos baseados na sua filosofia.
Entre os exemplos, citou uma pista de skate no Afeganistão, um complexo educacional no Sri Lanka e a construção de um conjunto habitacional na África do Sul. Em todos eles, as marcas de sua filosofia, que inclui participação da comunidade desde o planejamento e captação de recursos por empresas que não queiram capitalizar em cima dos projetos.
"Não trabalhamos com ego nem com logo. O ego dos nossos arquitetos nunca é maior do que nossos projetos e nenhuma empresa que nos financia aparece nas nossas construções", resumiu.
"Nosso desafio deve ser construir para as gerações futuras, conservando os traços marcantes da comunidade", explicou ele, para quem o conceito de arquitetura deve conter elementos que ele considera acessórios e indispen
sáveis, como projetos educacionais, esportivos, de assistência social e geração de energia renovável.
"Dar abrigo sem dar emprego é inútil. Você vai acabar favorecendo a segregação", ponderou. "Arquitetura é um processo continuado; é um desastre você simplesmente construir uma casa a esquecer de dar condições de vida às pessoas que vão morar ali".
Na conferência que realizou na noite desta terça-feira, no Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, o arquiteto britânico Cameron Sinclair, 39, voltou --como fez em entrevista à Folha-- a fazer um apelo por uma arquitetura de cunho mais social do que estético.
"Se você nunca construiu um prédio, me desculpe, você não pode ser considerado um arquiteto", provocou ele ao falar sobre a necessidade de se ampliar o espectro da atividade, tirando-o de projetos resumidos ao papel e aliando-o a antropologia e a aspectos culturais, econômicos e políticos de cada comunidade.
Diretor da Architecture For Humanity, uma ONG dedicada a construção de abrigos e aparelhos comunitários em regiões negligenciadas ou atingidas por desastres naturais, Sinclair listou uma serie de projetos baseados na sua filosofia.
Entre os exemplos, citou uma pista de skate no Afeganistão, um complexo educacional no Sri Lanka e a construção de um conjunto habitacional na África do Sul. Em todos eles, as marcas de sua filosofia, que inclui participação da comunidade desde o planejamento e captação de recursos por empresas que não queiram capitalizar em cima dos projetos.
"Não trabalhamos com ego nem com logo. O ego dos nossos arquitetos nunca é maior do que nossos projetos e nenhuma empresa que nos financia aparece nas nossas construções", resumiu.
"Nosso desafio deve ser construir para as gerações futuras, conservando os traços marcantes da comunidade", explicou ele, para quem o conceito de arquitetura deve conter elementos que ele considera acessórios e indispen
sáveis, como projetos educacionais, esportivos, de assistência social e geração de energia renovável.
"Dar abrigo sem dar emprego é inútil. Você vai acabar favorecendo a segregação", ponderou. "Arquitetura é um processo continuado; é um desastre você simplesmente construir uma casa a esquecer de dar condições de vida às pessoas que vão morar ali".
LIVROS DE GRAÇA NOS PONTOS DE ÔNIBUS
Literatura brasileira invade terminais de ônibus
- 10 de junho de 2012
“Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo”, desabafa uma personagem do conto Missa do Galo, de Machado de Assis. A trama se passa no Rio de Janeiro do século 19, mas a reclamação vale para muita gente da São Paulo contemporânea. A correria e o preço dos livros afastam paulistanos da leitura. Mas um projeto em quatro terminais de ônibus da cidade tem ajudado a mudar essa situação para algumas pessoas.
Batizado de “De Mão em Mão”, o programa distribui, de graça, coletâneas de textos consagrados da literatura nacional aos usuários do transporte público. É chegar e pegar.
Um dos livros traz justamente o conto mencionado, além de várias outras histórias curtas e saborosas do autor carioca. A publicação começou a ser entregue em dezembro aos passageiros dos terminais Mercado, no centro, Pirituba, na zona norte, Santo Amaro, na sul, e A. E. Carvalho, na leste. Outros dois títulos se juntaram a ela em maio: A Nova Califórnia, de Lima Barreto, e Contos Paulistanos, de Antônio de Alcântara Machado.
A tiragem de cada um é de 20 mil exemplares. O que não significa que só os 20 mil primeiros interessados a retirar as cópias de determinado livro serão beneficiados. Isso porque a ideia não é simplesmente dar as publicações. A intenção é que, depois de ler, a pessoa devolva o livro em algum dos pontos de distribuição, no interior dos terminais.
Assim, mais pessoas poderão ter acesso aos textos. Na tarde de sexta-feira, 8, a auxiliar de serviços ambientais Maria Glaudeni, de 33 anos, levou a obra de Machado de Assis para ler no ônibus. Ela retirou o livro no Terminal Mercado, de onde sai o Expresso Tiradentes. “Já li o Dom Casmurro (do mesmo escritor) e adorei. A iniciativa é boa, mas também poderiam distribuir livros um pouco mais populares, para adolescentes, como Harry Potter e Percy Jackson.”
A ação é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Editora Unesp, da Universidade Estadual Paulista, e tem apoio da São Paulo Transporte (SPTrans).
quarta-feira, 6 de junho de 2012
SE NÃO SABEM SE COMPORTAR, POR QUE NÃO FICAM EM CASA?
Máquina faz as pessoas pararem de falar
Aparelho desenvolvido por cientistas japoneses poderá ser usado
em locais onde o silêncio é importante, como bibliotecas e museus
Fonte: Revista Superinteressante
por Bruno Garattoni
1. Um laser mede a distância entre a pessoa e a máquina, e um microfone de alta potência grava o que ela está falando.
2. O alto-falante repete o que a pessoa estava dizendo, com atraso de 0,004 a 0,195s (ajustado conforme a distância).
3.
Quando a pessoa escuta a própria voz com esse atraso, seus circuitos
cerebrais ligados à fala se confundem. O indivíduo gagueja - e se cala.
COMENTÁRIO DO PROF. FRANCISCO: POR QUE SÓ PARA MUSEUS E BIBLIOTECAS E NÃO TAMBÉM PARA TEATROS, CINEMAS E OUTROS LUGARES ONDE NÃO SE DEVE FICAR FALANDO E AS PESSOAS FICAM?
SUGESTÃO PARA OS CIENTISTAS JAPONESES: INVENTAR MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS (OU CELULARES QUE FOTOGRAFAM) QUE EXPLODAM QUANDO USADOS EM SHOWS.
AS PESSOAS NEM VEEM OS SHOWS, NEM CURTEM AS MÚSICAS E O CANTOR, O CLIMA, A ILUMINAÇÃO. ELAS APENAS FOTOGRAFAM OU FILMAM AQUILO QUE ELAS NUNCA MAIS VERÃO. O FILMEZINHO OU A FOTO FICARÃO NO COMPUTADOR E TALVEZ NUNCA SEJAM VISTOS. SE A MÁQUINA EXPLODIR, PELO MENOS A PESSOA VAI INCOMODAR MENOS OS QUE ESTÃO AO LADO.
terça-feira, 5 de junho de 2012
O FIM DUMA VIAGEM É APENAS O COMEÇO DOUTRA
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem
prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante
se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que
não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver
o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o
que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com Sol onde
primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra
que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos
passos que foram dados, para os repetir. E para traçar caminhos novos ao
lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.”
José Saramago
José Saramago
A VIDA
"A vida envolve duas verdades entre as quais não há como escolher e que cumpre enfrentar juntas: a alegria de existir e o horror de acabar."
(Simone de Beauvoir)
(Simone de Beauvoir)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
MENDIGOS NA FGV?
A FGV apresentou, para o tema de sua redação para o vestibular 2012 de meio de ano, um tema amplo, que permite discussões sociais, avaliando o conhecimento de mundo do aluno além de verificar se ele consegue se posicionar sobre os problemas do mundo.
Foi um tema bem montado em que ,a partir de um fato acontecido nos EUA com homeless,pedia-se uma análise que, obviamente, envolve todo um conhecimento sobre atualidades, história, geografia. Muito bom o tema.(FRANCISCO CARVALHO)
Para ler a redação: http://www.cpv.com.br/vestibulares/FGV-ADM/2012/semestre2/resolucoes/resolucao_fgvadm_2012_sem2_redacao.pdf
O vestibular de inverno para o curso de Administração de
Empresas da FGV pediu aos candidatos uma redação sobre o uso de
moradores de rua como “roteadores ambulantes” em Austin, Texas. Segundo
reportagem do The New York Times, reproduzida em março pelo jornal Folha de S.Paulo,
uma agência de marketing contratou os sem-teto para que caminhassem
carregando transmissores móveis, oferecendo, assim, acesso à internet
para os participantes de um congresso de tecnologia, em troca de
doações.
De acordo com o texto, os sem-teto deveriam andar pelas áreas mais movimentadas do evento. Os participantes do projeto, chamado Homeless Hotspots, recebiam diárias de US $20 e podiam ficar com as doações obtidas de usuários dos serviços de rede sem fio.
O New York Times dizia ainda que surgiram alegações de que contratar pessoas em situação precária para fazer delas torres de comunicação sem fio era uma exploração. O responsável pelo projeto negou.
A banca da FGV, conhecida por cobrar reflexões mais amadurecidas dos candidatos, solicitou uma dissertação argumentativa na qual o aluno apresentasse seu ponto de vista sobre os fatos relatados na notícia e respondesse, entre outras coisas, se o progresso tecnológico e o progresso social caminham juntos.
Foi um tema bem montado em que ,a partir de um fato acontecido nos EUA com homeless,pedia-se uma análise que, obviamente, envolve todo um conhecimento sobre atualidades, história, geografia. Muito bom o tema.(FRANCISCO CARVALHO)
Para ler a redação: http://www.cpv.com.br/vestibulares/FGV-ADM/2012/semestre2/resolucoes/resolucao_fgvadm_2012_sem2_redacao.pdf
03.junho.2012 18:40:02
Redação da FGV fala do uso de moradores de rua como ‘roteadores ambulantes’
De acordo com o texto, os sem-teto deveriam andar pelas áreas mais movimentadas do evento. Os participantes do projeto, chamado Homeless Hotspots, recebiam diárias de US $20 e podiam ficar com as doações obtidas de usuários dos serviços de rede sem fio.
O New York Times dizia ainda que surgiram alegações de que contratar pessoas em situação precária para fazer delas torres de comunicação sem fio era uma exploração. O responsável pelo projeto negou.
A banca da FGV, conhecida por cobrar reflexões mais amadurecidas dos candidatos, solicitou uma dissertação argumentativa na qual o aluno apresentasse seu ponto de vista sobre os fatos relatados na notícia e respondesse, entre outras coisas, se o progresso tecnológico e o progresso social caminham juntos.
domingo, 3 de junho de 2012
TODO MUNDO SABE, MAS NADA ACONTECE PRA MUDAR
03/06/2012
-
08h09
Paulistano desperdiça 17 dias por ano no trânsito
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RICARDO GALLO
SÃO PAULO
Sueli Dias e Silva, diretora financeira de uma multinacional, gasta boa parte de seu tempo no trânsito. São ao menos duas horas por dia, ou 400 horas por ano (a considerar cerca de 200 dias trabalhados), algo como 17 dias do ano, para fazer o trajeto de ida e volta entre o seu trabalho, na avenida Luiz Carlos Berrini, principal centro empresarial da cidade de São Paulo, zona oeste, e sua casa no Tatuapé, na zona leste, a 23 km dali.
Enquanto a vida corre, a executiva está parada no trânsito, o que, em São Paulo, a torna mais regra do que exceção: pesquisa do IBGE divulgada em abril aponta que, tal qual Sueli, um a cada quatro moradores da cidade perde entre uma e duas horas ao ir para o trabalho, de carro, ônibus ou metrô -sem contar o tempo da volta.
Fonte: Folha.com
SÃO PAULO
Sueli Dias e Silva, diretora financeira de uma multinacional, gasta boa parte de seu tempo no trânsito. São ao menos duas horas por dia, ou 400 horas por ano (a considerar cerca de 200 dias trabalhados), algo como 17 dias do ano, para fazer o trajeto de ida e volta entre o seu trabalho, na avenida Luiz Carlos Berrini, principal centro empresarial da cidade de São Paulo, zona oeste, e sua casa no Tatuapé, na zona leste, a 23 km dali.
Enquanto a vida corre, a executiva está parada no trânsito, o que, em São Paulo, a torna mais regra do que exceção: pesquisa do IBGE divulgada em abril aponta que, tal qual Sueli, um a cada quatro moradores da cidade perde entre uma e duas horas ao ir para o trabalho, de carro, ônibus ou metrô -sem contar o tempo da volta.
Fonte: Folha.com
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