"Til", de José de Alencar, um dos livros da FUVEST, em quadrinhos
Roteiristas e desenhistas afirmam que, para se fazer uma boa adaptação, é preciso um mergulho profundo na obra. Além da leitura atenta, é necessário pesquisar imagens de referência que ajudem a recriar a ambientação da época: geografia, arquitetura, mobiliário, roupas, costumes e formas de manifestar os sentimentos, entre outros tantos aspectos. "É preciso cuidado para não cometer gafes na hora de representar essas coisas. É um trabalho bastante delicado de documentação", diz o ilustrador Rodrigo Rosa, que assina a adaptação de Dom Casmurro, de Machado de Assis, com o escritor e roteirista Ivan Jaf, lançamento da Editora Ática.
As adaptações são feitas basicamente de duas formas. Quando o texto permite, muitos editores optam por utilizá-lo em sua forma original. Porém, na maioria das vezes, a linguagem tem de ser adaptada, o que faz surgir uma nova obra. "Como são linguagens diferentes, com recursos diferentes, há inevitáveis mudanças em relação ao texto original, independentemente do nível de fidelidade que se tenha. É, portanto, outra obra. Há uma tendência de se enxergar as duas produções (a original e a adaptada) como uma mesma obra, o que é um equívoco", afirma Paulo Ramos, professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador de HQs. O mercado hoje também enxerga dessa forma. Antigamente era o nome do escritor do texto original que aparecia nas capas das publicações; agora, os direitos da versão HQ ficam com o roteirista e o quadrinista.
Apesar de ser cada vez mais aceita, a literatura em quadrinhos enfrenta a resistência de quem acredita que os mais jovens podem se contentar em ler essa versão, apontada por grande parte dos leitores como mais divertida, e fugir de vez do texto original. Mas a tese é questionada. "Não precisamos fazer nenhum esforço para afastar os leitores dos textos clássicos: o sistema educacional já faz isso por si mesmo", afirma Marcelo Quintanilha, responsável por todo o processo de adaptação de O Ateneu, de Raul Pompeia, também da Editora Ática. Quintanilha acredita que uma boa adaptação pode incentivar o leitor a buscar o texto clássico. A escritora e roteirista Denise Ortega, autora da versão HQ de Os Doze Trabalhos de Hércules, de Monteiro Lobato, editado recentemente em uma caixa com outros cinco livros pela Editora Globinho, compartilha a opinião. "Somos visuais. Os quadrinhos podem ser o primeiro contato do leitor com a história, assim como o cinema. Quando O Senhor dos Anéis virou filme, por exemplo, houve uma grande procura pelos livros."
Fonte: www.estadao.com.br (01/09/12)
Apesar de ser cada vez mais aceita, a literatura em quadrinhos enfrenta a resistência de quem acredita que os mais jovens podem se contentar em ler essa versão, apontada por grande parte dos leitores como mais divertida, e fugir de vez do texto original. Mas a tese é questionada. "Não precisamos fazer nenhum esforço para afastar os leitores dos textos clássicos: o sistema educacional já faz isso por si mesmo", afirma Marcelo Quintanilha, responsável por todo o processo de adaptação de O Ateneu, de Raul Pompeia, também da Editora Ática. Quintanilha acredita que uma boa adaptação pode incentivar o leitor a buscar o texto clássico. A escritora e roteirista Denise Ortega, autora da versão HQ de Os Doze Trabalhos de Hércules, de Monteiro Lobato, editado recentemente em uma caixa com outros cinco livros pela Editora Globinho, compartilha a opinião. "Somos visuais. Os quadrinhos podem ser o primeiro contato do leitor com a história, assim como o cinema. Quando O Senhor dos Anéis virou filme, por exemplo, houve uma grande procura pelos livros."
Fonte: www.estadao.com.br (01/09/12)
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