Cada raio de um sol de meio dia alimenta uma folha da árvore na São João com a Ipiranga. Os poetas cantam o verde fotossintético, verde-broto ou mar, verde musgo, verde folíolos bebendo água e claridade. Mas no canteiro da São João o verde é triste. Nenhum vento limpa o bimbo verde-cinza. E os galhos descem contorcidos e duros, escuros, mortos de vida. O carro dele pisou numa folha melancólica que caiu no asfalto. Ela grudou na roda, girou e fez o carro atropelar Maria. O corpo estendido entre folhas tristes sem poesia. Cada folha que cai mata Marias.
Francisco Carvalho
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