terça-feira, 26 de março de 2013

UM FOTÓGRAFO DA VIDA SIMPLES E DA ALMA





"Há muito tempo eu aprendi que para  fotografar é necessário amar as pessoas e a vida."
                                                                             


"A fotografia é uma forma de penetração na alma humana e uma capacidade de compreendê-la."
                                                                                                          Antanas Sutkus



Antanas Sutkus nasceu na Lituânia e começou a fotografar muito cedo, no ambiente hostil da ex- União Soviética. Fazia fotos em preto em branco de pessoas comuns da Lituânia em seu dia a dia mais comum.
Tudo parece tão simples, mas é muito mais complexo. Fui ver a exposição e fiquei estarrecido, de boca aberta, calado, paralisado diante dos rostos simples e...com alma.
Aprendi de novo a ver as pessoas em sua particularidade, seus gestos tão comuns e próprios, seus olhares tão cheio de alma mais profunda: uma velhinha com lenço segura um bichinho de plástico (encontro de gerações, o velho e o novo, o que se vai e o que vem, o velho como criança também...), ou uma família simples e alegre reunida para a fotografia (a valorização desse cotidiano tão comum e profundo).
E a fotografia do filósofo Sartre caminhando sob o peso de sua importância, de sua intelectualidade, numa foto belíssima e famosa.
É preciso ver, rever, ver outra vez. Aprender com Antanas. Imperdível.

(TEXTO: PROF. FRANCISCO CARVALHO)

CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro – Tel.: 3321-4400 – Até 21 de abril – Hor.: De 3ª a dom., das 9h às 20h – Entrada franca.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Poema de Affonso Romano de Sant'Anna



Os casais são tão iguais,
por isto se casam
e anunciam nos jornais.
Os casais são tão iguais,
por isto se beijam
fazem filhos, se separam
prometendo
não se casarem jamais.
Os casais são tão iguais,
que além de trocar fraldas,
tirar fotos, acabam se tornando
avós e pais.
Os casais são tão iguais,
que se amam e se insultam
e se matam na realidade
e nos filmes policiais.
Os casais são tão iguais,
que embora jurem um ao outro
amor eterno
sempre querem mais.

POEMINHA RÁPIDO/PASSAGEIRO COMO O AMOR


António Osório: "Amo-te"






Amo-te
com pressa
de não acabar o amor.




OSÓRIO, António. "A teia dupla". In:_____. O lugar do amor. Porto: Gota de Água, 1981

quarta-feira, 6 de março de 2013

SÃO PAULO: UMA CIDADE BONITA

‎"Acha São Paulo uma cidade bonita?
Sim. A beleza é a não beleza. Aprecio o cinza da cidade. Gosto de viajar, mas adoro voltar. Digo que, antes de ser brasileira, sou paulistana."
  (galerista Luisa Strina, de São Paulo, na Folhaonline)




Sim, concordo com ela.
A beleza de São Paulo não é a da natureza já feita como a do Rio de Janeiro, por exemplo.
Trata-se de uma beleza construída pelo homem, a partir de suas concepções estéticas.
Há uma crença de que para ser belo, um espaço tem que ser natural, feito pela mão de Deus, esses clichês todos que dão fotos ainda mais clichês de pores-do-sol, céu, montanhas. Que eu saiba, o Aterro do Flamengo, no Rio, belíssimo espaço emoldurado pela praia, Pão de Açúcar e céu de tirar o fôlego, foi uma construção humana que melhorou a natureza, embelezou-a ainda mais. Com Burle Marx e outros.
São Paulo tem a beleza de um espaço construído, moldado, organizado racionalmente. Tem os espelhos, e os vidros, e o cimento. Mas não vejo que ela seja tão cinza como dizem. As cores se espalham. Cores naturais e cores pensadas pelo homem.
A beleza de São Paulo é a não beleza. Um não à beleza já pronta. Um sim às possibilidades de o homem enfeitar um espaço.
(TEXTO: FRANCISCO CARVALHO)